(à
minha mãe)
Desde
sempre,
Minha
alma pesa,
Pois,
desde sempre,
É
preenchida por
Um
vazio real, um vazio presente,
Um
vazio que é dor e saudade
Do
que não vivi.
Desde
sempre,
Minha
alma está cheia
De
um vazio que fala,
Que
canta, que sorri, que chora.
Um
vazio que tento tocar
E
minhas mãos o transpassam.
Desde
sempre, minha alma
Recolhe
infindas lágrimas,
Na
vã tentativa de preencher o vazio.
Sempre
a espera de algo.
Debruçada
a gritar diante de um poço seco,
À
espera de um eco que não vem.
É
vazio oco.
Vazio
de ausência.
É
a presença de uma ausência vazia.
A
ausência do que poderia ter sido,
Como
a boneca que não chega no Natal.
O
vazio nostálgico sem lembranças.
O
vazio do recorte no retrato.
O
vazio da despedida.
Minha
alma segue cheia
De
vazio feito de nada. Vazio que pesa.
Mais
real que a própria realidade.
Simplesmente
vazio.
Indefinível.
Insubstituível.
Ainda
que minha alma viva,
O
que nela viverá é o vazio.
Sempre
o vazio
Do
que não foi e era pra ter sido.
Vazio
que enche a alma,
E
esvazia a coragem
De
ocupar o vazio
Desta
alma vazia.
Como
pode um vazio
Ocupar
tanto espaço,
Sem
que se possa tocá-lo?
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