quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Mais (des)aforismos meus

A esperança faz um pacto com a vida, e nos deixa em cativeiro, sem que precisemos de amarras.”

"A força é decorrente do nosso excesso de sensibilidade a todas as coisas do mundo. É uma espécie de calo que criamos em torno da nossa sensibilidade. Sem ela, sucumbiríamos aos nossos sentires. Os mais sensíveis precisam ser os mais fortes. Em tudo, a natureza criou fortes escudos, para proteger o que é frágil e sensível."

A construção emocional é quase artesanal, por que é feita através dos mínimos detalhes, se observando tudo.”

"Há uma revolução, uma invasão, uma guerra, uma tempestade, uma tormenta de tantas coisas acontecendo dentro de mim, enquanto enxugo o gelo dos meus pensamentos. Resta em mim, uma ressaca, como se algo estivesse faltando acontecer. E essa coisa é exatamente encontrar o que fui procurar dentro de mim, e que nem sei bem o que foi, mas sei que sempre encontro e volto, mesmo que seja pra perder depois, deixar escapulir de novo, e ter que ir atrás buscar entre os icebergs gigantescos que escondem meus mais desconhecidos Eus."

"Todo passado é o máximo, até por que a gente já não corre mais o risco de ter de passar por ele."

"O Homem não sabe bem ainda o que ele deseja, e sofre a angústia de ter tudo em suas mãos, pra poder escolher o que bem entende, inclusive pra poder não escolher. A dor da humanidade advém (esteja certo) do desejo e do conhecimento. Conhecer é saber que vamos morrer. Saber que vamos morrer é estabelecer a variável tempo, e estabelecer o tempo é viver a angústia sobre a impotência. E, por isso, o homem procura sempre o poder."

"Não é questão de capacidade; é questão de boa vontade de enxergar o outro."

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

O baile da vida

Você alguma vez viu como é um baile de carnaval de adolescente? Ou de criança? Ficam alguns sentados às mesas e uma grande roda de gente dançando no salão, e dando voltas. Certo? Quem não quer dar voltas, fica no centro da roda dançando. Eu acho que a vida é isso. E existem algumas atitudes que se pode tomar em relação à ela:
Você fica na cadeira o tempo todo, durante o baile, dizendo como cada um deveria dançar.
Você fica na cadeira, durante o baile, tentando criar coragem para entrar na pista, com medo de não conseguir. Quando entra, já é tarde, pois o baile está quase acabando, e você não consegue se ambientar. Você se sente inadequado. Sente-se o tempo todo deslocado, e, assim como os que estão na mesa, você passa a assistir o baile de dentro do baile - um espectador inserido no ambiente, mas sem influenciá-lo em absolutamente nada.
Você entra, mas a roda te arrasta. Você não consegue retomar o prumo. Se deixa levar. Vai até o final do baile tentando firmar o passo, se endireitar. Sempre que a orquestra muda para uma marcha-rancho mais tranquila, você acredita que vai se aprumar; mas não dá tempo. Antes que você consiga, vem de novo o sambão, e todos começam a pular e dançar, e você se desorienta novamente. E assim você vai, até o final do baile, sempre esperando a valsa de que precisa para fazer a sua dança.
Você vai, do início ao final do baile, girando na roda, sempre pelos mesmos lugares, sempre vendo as mesmas coisas, e criticando aqueles das mesas que não entraram na pista, dizendo que eles têm medo de entrar, que eles estão perdendo. Mas você não sabe exatamente o que eles estão perdendo. Por que a única coisa que você sabe é girar, girar, e repetir tudo sempre igual, até que o baile termine.
Você não fica na roda. Se mete no burburinho, no centro da roda, e fica ali, pulando, dançando, fazendo tudo quanto é loucura. Mas, quando menos espera, o baile acabou, e você não viu o pessoal das mesas, nem o garçom, nem bebeu, nem comeu, e não lembrou nem de fazer xixi. Aí, corre à fila do banheiro para ver se dá tempo, mas é tarde demais... tenta comer ou beber algo, não dá mais tempo. Dançou pra caramba, mas não viu nada do baile. Senta e fica olhando as pessoas irem embora e o baile acabar, com aquela sensação de perda de algo que você não sabe bem o quê, pois perdeu antes de ganhar.
A orquestra? A orquestra seria aquela que dita as regras da dança: o Zeitgeist, a mídia, o padrão da época, o que está valendo, o que está em voga, os valores...

domingo, 12 de agosto de 2012

Padecer? Mãe é paraíso. Pai é para isso.

Já foi o tempo em que o dia dos pais representava o dia internacional da gravata.
Os pais de hoje simplesmente não usam gravatas, e por isso podemos afirmar que o dia dos pais perdeu o sentido, pois estávamos todos acostumados com as lindas gravatinhas, que, quando não verdadeiras, eram feitas de cartolina pelos filhos na escola, com a ajuda e estímulo compulsório das professoras.
Desde que aboliram as gravatas, as cuecas, as meias e os lenços tentaram fazer carreira, mas não deu em nada. Os pais atuais gostam de ganhar CDs, perfume Polo, DVD, mouse sem fio (ainda, se tivesse fio, poderíamos ter um déjà vu das gravatas), câmeras digitais, etc. E o mais interessante disso tudo: não são eles que pagam o presente ! Sim, verdade. Agora, as mães, ou até mesmo os filhos, bancam o presente do papai. Não precisa mais aquele familiar teatrinho onde a mãe fala pro marido:
    - Meu bem, preciso de dinheiro pra dar pras crianças comprarem seus presentes do dia dos pais.
O marido responde:
    - Quanto você quer?
    - Sei lá... De que você está precisando?
    - Linha para pescaria, ou uma toalha pra sauna, uma joelheira pro futebol de domingo... ou um calção de piscina... qualquer coisa, meu amor.
    - Ok, vou procurar.
Na sexta-feira, ela vai com as crianças na loja de departamentos mais famosa do bairro, e passa a tarde lá. Enquanto as crianças olham a seção de brinquedos, ela vai pra seção do lar e eletrodomésticos. Ela compra um brinquedinho de cartela pra cada filho e uma tesoura de destrinchar frango para o frango que vai assar no dia dos pais. Depois, vão para lanchonete dentro da loja, e cada um faz uma deliciosa escolha: banana split, waffle com geléia, x-tudo, e por aí vai. A mãe olha o relógio, e diz:
    - Crianças, vamos rápido, que temos que comprar os presentes do 'papi'.
No domingo, como de costume, todos vão almoçar fora. Os restaurantes estão lotados, mas, mesmo assim, o pai concorda em não ver televisão, para tomar lugar na fila de alguma churrascaria rodízio, ponto de encontro dos pais de toda a galáxia neste dia. Durante o barulhento e conturbado almoço, entre picanhas, cupins e anéis de cebola à milanesa, as crianças sacam os presentes de uma bolsa um tanto ou quanto amassada, de tanto rodar nas mãos dos pequenos, que estavam entediados por carregá-la. O pai começa abrir os presentes. O filho mais novo trouxe uma gravata, no lugar da linha de pescaria. O pai exclama:
    - Que linda! - enrola no pescoço, e diz - Estou me sentindo um lindo peixinho de aquário fisgado.
De presente do segundo, no lugar da toalha pra sauna, ele ganha uns lencinhos, e começa imediatamente suar e enxugar a testa, enquanto manifesta:
    - Nossa! Muito bons, bem absorventes, ideais para situações de alta transpiração, como saunas, por exemplo. Pensando ter em mãos o par de joelheiras embrulhado pra presente, ele abre o pacote do terceiro filho: dois pares de meias soquete pretas, próprias para o trabalho. Só resta agora a esse conformado pai, dar um mergulho na piscina com o calção de banho que ganhou do filho mais velho. Ops! Não é um calção; é uma cueca. A esposa diz:
    - Meu bem, tava tudo tão caro, que não deu pra fazer o que você pediu (isso, aos sussurros, no ouvido do marido, que apenas fica imaginando como seria pular na piscina de cuecas, pescar com uma gravata, puxar as meias até que cheguem aos joelhos, e o mais sexy de tudo: pendurar o lencinho 'naquele lugar' mais importante, quando ele estiver na sauna mista.) E pensa consternado: “ainda se eu fumasse, talvez ganhasse um cinzeiro ou um isqueiro zippo”.

Como faz falta o tempo em que o dia dos pais era o dia internacional das gravatinhas...

domingo, 5 de agosto de 2012

… e outras...


"De repente, eu não fiz alguma coisa pra magoar alguém, mas alguma coisa que fiz magoou alguém."

"Nas horas difíceis da vida, você deve levantar a cabeça, estufar o peito, olhar adiante, e dizer de boca cheia: Agora, fodeu...!!!!"

"Não tire conclusões sobre assuntos dos quais você só conhece um pequeno relâmpago. A tempestade já vai bem adiantada."

Se eu, que sou eu, esqueço de mim, imagine outra pessoa.”

O dinheiro circula pelo mundo como numa brincadeira de passar anel: ora está com um, ora está com outro. O problema é que a brincadeira para, sempre quando o anel está com os mesmos.”

Com o advento da idade, a sensibilidade é a estrada que nos leva à sensação de conforto, longe do medo da velhice.”

Amigo é aquele que entende o que você não consegue explicar.”