segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Final de ano



“Ano Novo é a morte do ano. Todos vestem branco, pra parecerem mais com anjos.”

“É impressionante como o ser humano teme ser humano.”

“Natal: Uma tentativa agonizante de o ser humano acreditar que conquistou alguma coisa, no decorrer do ano. Mas a humanidade não evoluiu absolutamente nada, desde o primeiro Natal.”

“Ponha uma pedra em cima do seu passado, e você estará construindo um vulcão, e, num dado momento, a erupção se dará - para fora, ou para dentro.”

“O Natal é o último sopro de vida, na agonia do ano que morre.”

“Eu acredito que minutos, horas, dias, semanas, meses, anos... tudo isso são cercas de arame farpado que puseram no tempo, e nos impedem de cruzar para ambos os lados. Sendo assim, somos conduzidos num curral chamado cronologia.”

“Palavras são âncoras que nos forçam a manter limites ao que é ilimitado.”

domingo, 16 de dezembro de 2012

A presa do nada


(à minha mãe)

Desde sempre,
Minha alma pesa,
Pois, desde sempre,
É preenchida por
Um vazio real, um vazio presente,
Um vazio que é dor e saudade
Do que não vivi.
Desde sempre,
Minha alma está cheia
De um vazio que fala,
Que canta, que sorri, que chora.
Um vazio que tento tocar
E minhas mãos o transpassam.
Desde sempre, minha alma
Recolhe infindas lágrimas,
Na vã tentativa de preencher o vazio.
Sempre à espera de algo.
Debruçada a gritar diante de um poço seco,
À espera de um eco que não vem.
É vazio oco.
Vazio de ausência.
É a presença de uma ausência vazia.
A ausência do que poderia ter sido,
Como a boneca que não chega no Natal.
O vazio nostálgico sem lembranças.
O vazio do recorte no retrato.
O vazio da despedida.
Minha alma segue cheia
De vazio feito de nada. Vazio que pesa.
Mais real que a própria realidade.
Simplesmente vazio.
Indefinível. Insubstituível.
Ainda que minha alma viva,
O que nela viverá é o vazio.
Sempre o vazio
Do que não foi e era pra ter sido.
Vazio que enche a alma,
E esvazia a coragem
De ocupar o vazio
Desta alma vazia.
Como pode um vazio
Ocupar tanto espaço,
Sem que se possa tocá-lo?

domingo, 9 de dezembro de 2012

Notícias de mim

Quanto a mim, vou levando minha vida, como sempre levei, dentro da minha 'auto-suficiência emocional', típica das pessoas que não contam com mais nada.”

Como em todo filme que eu atuo, ninguém me suporta, quando eu sou eu, quando minha dor sai pela porta certa, tropeçando na bebedeira do cativeiro.”

Eu sou um livro escondido em mim, um livro que, a cada tentativa de abri-lo, aumentam mais e mais suas páginas – o livro que eu nunca terminarei de ler.”

Eu não sei de você, por que sei de todo mundo. E sabe por que sei de todo mundo? Por que sei de mim.”

Se algum dia falei de tempo cronometrado, foi para dizer: Merda, estou atrasada!”

Quando a gente reconhece a responsabilidade sobre os nossos atos, a gente para de sentir culpa, e passa a sentir a consciência adulta, que faz sofrer, mas liberta.”

Foi relendo, incansavelmente, históricos de conversas de chat, que eu pude constatar como a vida se constrói sobre mal-entendidos. A questão é que uns causam danos, outros não. Alguns nem chegam ser percebidos, mas a maioria causa grandes desastres.”

domingo, 2 de dezembro de 2012

Eu em mim

Eu sou um livro escondido em mim, um livro que não ouso abrir, por que todas as tentativas de fazer isso só fazem aumentar mais e mais suas páginas, e nunca acaba, pra que eu possa descansar.”

Já nasci subtraída, agora só me resta morrer multiplicada."

Ponha uma pedra em cima do seu passado, e você estará construindo um vulcão, e, num dado momento, a erupção se dará - para fora, ou para dentro.”

Faça como você achar melhor. A salada é tua, mas não espere que eu a coma.”

As coisas acontecem, umas depois das outras, e outras antes das umas.”

Tudo que eu fiz, eu fiz para estar ao teu lado, eu não fiz para mantê-lo ao meu lado.”

A gente sempre acaba achando agulha no palheiro, nem que seja pisando nela.”

domingo, 25 de novembro de 2012

Minhas percepções

A incoerência, quando legitimada por um grupo ou mais, passa a ser coerente. Óbvio que tem que ser assim.”

Os meus problemas não estão caindo nos seus ombros – estão caindo nos meus.”

Se eu já plantei uma árvore? Só se for genealógica.”

Xeque! Já o mate, eu prefiro gelado, com limão.”

Só posso falar por mim, e ouvir de você sobre você.”

Numa madrugada insone percebi que, assim como cantar, preciso escrever. Mesmo que ninguém ouça, mesmo que ninguém leia...isso tudo me assustou demais."

Feio é morrer antes da hora marcada.”

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Eu & os outros

Não se mexe em águas passadas, mesmo por que elas não movem nem moinhos, nem uma palha sequer. Mas a gente costuma se banhar em águas que chegam, mesmo que sejam as mesmas que um dia passaram, evaporaram, e depois choveram em nós.”

Antigamente, eu dava um boi pra não entrar numa briga. Hoje, eu dou um monte de tapas pra não sair.”

Você põe o termômetro, pra medir minha temperatura, enquanto é você mesmo quem arde em febre.”

"Somos donos de nossas dúvidas, mas estamos sempre procurando alguém para adotá-las, para que não tenhamos o trabalho de cuidar delas."

Se me expresso, você pode me entender mal; se não me expresso, você me entende mal.”

Sonhei que eu era um computador com defeito: não conseguia reiniciar. Que coincidência, a vida também não se reinicia. Mas isso não é um defeito, logo, não tem conserto. Vou dormir.”

Você diz me admirar como adversária, por pensar que eu valorizo meus oponentes. Eu não os valorizo, pois, se eu acreditar no que eles dizem, eles serão meus ídolos...”

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

… entre atos – hiatos...

A beleza desperta o desejo. A inteligência e a sensibilidade despertam o amor.”

Sorrir é fácil - difícil é achar graça.”

Com meu parceiro, meu assunto não é estético. Meu assunto é desejo, desempenho, entrega. Corpos serão devorados pelo tempo. Ele, sim, adora comê-los.”

A vida já me é tão impositiva, que eu não posso fazer o mesmo comigo mesma.”

As sementes de ervas daninhas se propagam pelo ar. As boas plantas, a boa grama, as boas flores, exigem que a gente se ajoelhe, e semeie, e cuide, e zele por elas. Assim, são as palavras: aquelas que são lançadas ao vento quase sempre são daninhas e nocivas.”

Sempre que o dia amanhece, a gente já não é mais a mesma pessoa do dia anterior”

Mentira! O silêncio de uma pessoa não diz absolutamente nada ao outro. É apenas uma casa vazia, onde o outro ouve os seus próprios ecos.”

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Registro

"O domingo é o luto do sábado."

Os ruídos de uma escola em funcionamento são uma sinfonia plagiada, no decorrer dos séculos, por sobre toda a esfera terrestre... são sempre os mesmos, não importa a época, o local, ou o status social da escola.”

A música, pra mim, nada mais é do que um mero pretexto pra continuar viva.”

"Quando um homem larga seu corpo exausto na cama, para mergulhar no sono, não importa a casa, não importa a cama... Neste momento, ele é verdadeiramente um rei."

"Até calo se recompõe."

"Uma vez que você conhece de fato o tempo, tudo pra onde você voltar o olhar, estará encharcado da sua ácida e solvente presença. Não dá mais pra olhar um ser humano, sem ver o tempo; uma poesia, sem ver o tempo; uma música, sem ver o tempo; uma plantação, sem ver o tempo; um astro, sem ver o tempo; o mar, sem ver o tempo; a terra, sem ver o tempo; uma ávore, sem ver o tempo; uma nuvem, sem ver o tempo. Se lograsse existir a minha cegueira total para todas as coisas, ainda assim, eu veria o tempo, e, quem sabe, depois da chegada da 'indesejada das gentes', ele se perpetue? Não dá pra voltar o olhar pra uma parede, sem ver o tempo."

"O início sempre deve começar pelo começo. Às vezes, não começa. Às vezes, começa pelo fim. Aí, quando começa, acaba."

sábado, 3 de novembro de 2012

O Amigo e o Retrovisor

Mesmo sabendo que o número de passageiros em busca de condução aumentava generosamente em dias chuvosos como aquele, ele experimentava sempre um intenso distanciamento da vida nesses momentos. Tudo lhe parecia estranho. Seus movimentos e suas respostas ao mundo exterior eram acidamente autômatos. A cada braço estendido, à beira da calçada, seu estômago revirava diante da idéia de se ver obrigado a fazer um mínimo contato direto com o mundo vivente, ao menos para saber o destino da viagem. Sua vontade era circular solitário, até que a chuva, ou o seu coração, parasse - o que acontecesse primeiro. A rotina era sempre a mesma. Respondia ao cumprimento do passageiro com um meio sorriso que se confundia com um forte espasmo facial. Ouvia o endereço de destino, como um cão que escuta os lamentos de seu dono, enquando olha o trajeto das formigas no quintal. Assim que o carro entrava em movimento, se sentia seguro, graças à cumplicidade da paisagem que capturava o olhar do passageiro. Sua alma partia, então, em direção a algum lugar, que ele nunca soube bem onde era, mas que, quando voltava, trazia na boca o sabor dos séculos, e, nas costas, o peso de todas as palavras resumidas na voz do passageiro perguntando: “Quanto é?”
Teria sido tudo exatamente assim, se, naquele dia, seus olhos não tivessem passado rapidamente pelo retrovisor, antes que sua alma se retirasse para a habitual viagem. Como um soco no estômago, se vira prisioneiro da tempestade de imagens do passado que desfilavam, compondo, desde a infância, a imagem do homem que aparecia no espelho.
Sim, era ele! Seu passageiro fora, durante muitos anos, o seu maior amigo, com que viveu as primeiras perguntas, sofreu as primeiras respostas, trocou abraços, socos, sonhos, segredos, namoradas, e que agora estava ali, no banco de trás de seu táxi, olhando para a rua, com aquela expressão de antepassado.
E se, quando o sinal fechasse, ele virasse para trás, e repetisse a saudação que ambos costumavam usar, quando se encontravam? O amigo entenderia? E se não lembrasse dele? E se o achasse velho e acabado e infeliz? Decididamente, não olharia para trás, não faria a saudação, não se deixaria descobrir pelo amigo, que agora mais parecia uma foto de jornal. Seria suficiente olhá-lo dentro do campo de visão que o retrovisor permitia. Buscou na memória a cena de minutos atrás, quando o amigo acenou para o táxi, em busca de sua imagem de corpo inteiro. Mas lembrou que, naquele momento, tentava suportar as reviravoltas de seu estômago. Nada conseguiria lembrar, pois nada havia visto, a não ser a ameaça da presença de um passageiro no seu carro.
As cenas de sua infância e adolescência passeavam de mãos dadas, no pequeno espaço do retrovisor, que agora já era um imenso palco, onde uma vida de cem anos caberia.
Pelo visto, o amigo estava bem... teria casado? ... com certeza, estava em situação melhor que a de um simples motorista de táxi.... A vontade de abraçar o amigo tomava conta de seus braços. Talvez ele quisesse encontrar nesse abraço, a razão pela qual suas vidas se subtraíram pela distância, no tempo e no espaço. Ou, talvez, quisesse apenas abraçar o amigo, e dizer: “Cara! Seria isso uma chance?”. Mas o amigo não sabia daquele motorista, com quem compartilhara toda a cumplicidade que uma amizade suporta. Será que o amigo ainda sentia o medo do assobio da ventania, acreditando ser chegada do ‘buraco do mundo’, como costumava dizer a portuguesa que vendia cocadas e pipas para a criançada?
E se, na hora de pagar a viagem, o amigo o reconhecesse? Será que iriam pro “Bar do Bardo” tomar cerveja com limão, pra evitar a gripe, por terem pego um temporal, na volta de algum lugar? Ou será que iria apenas cantarolar as teimosas músicas que fizeram, durante o desejo visionário de que um dia seriam uma dupla de sucesso?
Pelos trajes, o amigo devia estar bem de vida, e talvez não tivesse olhar para as lembranças... “Há amizades que não precisam de convivência, nem contato, se preservam por si só. Há outras que sucumbem, se não houver convivência... " Qual teria sido a amizade deles? Sido? Será que não era mais? Vasculhou a memória, tentando lembrar a última vez que pensara no amigo, antes que ele entrasse no seu carro, há minutos atrás. Não conseguia lembrar, parece que o amigo sempre estivera ali, exatamente como um espelho retrovisor, que a gente nem lembra que existe, a não ser quando resolve precisar dele, e não o encontra.
Talvez fosse, aquela, a última chance de ele reencontrar o amigo que sempre estivera lá, e, se ele deixasse passar, nunca mais o reencontraria, e nunca mais ele estaria lá. Então seria melhor fazer a ‘familiar saudação’ ao amigo. Ou, melhor, ele sorriria para o amigo. Sorriria em código. O amigo, com certeza, reconheceria, pois sempre que precisavam se comunicar em público, sem que ninguém reparasse, usavam ‘caras e bocas’ que tinham, todas, significado próprio.
O endereço de destino estava chegando, seu coração parecia que ia saltar pela boca. Nesses últimos minutos, percebeu o quanto tinha envelhecido, e também o quanto se deixou envelhecer. Naquele instante, se sentia um menino pronto para pular o muro da escola e jogar bola, ou um rapaz ansioso por entrar de ‘penetra’ no baile, e dançar com a mais linda garota. Um desfile, cada vez mais rápido, de cenas da sua vida com seu amigo passageiro - passava por sua mente. Chegou a ouvir sons, sentir cheiros, sabores e texturas. Tudo, de uma vez só, se precipitava naquele momento. Despertou com a voz do amigo: - “É logo ali na frente. O prédio azul”.
Ele tinha ainda a mesma voz. E, com certeza, era muito rico (a valer pelo prédio). Talvez, não valesse a pena segurar essa chance. Talvez, não fosse uma chance.
– “Quanto é? “. Olhou para trás. Pegou o dinheiro. – “Pode ficar com o troco”.
Ele também estava bem marcado pelo tempo... Não era o mesmo do retrovisor... Talvez, não fosse tão feliz assim... Talvez, não tivesse filhos...
Despertou para o mundo do nada, com o som da porta batendo. E seguiu em círculos, à espera do que parasse primeiro. A chuva, ou seu coração.
No quarto do zelador do grande prédio azul: 
          - “Nossa, meu filho, que dia de merda! Tomei um banho de chuva, tive que negociar meus vales-transporte, pra poder pegar um táxi, e ainda peguei um motorista viado, que me olhou o tempo todo pelo retrovisor, e quase me agarrou, na hora em que fui pagar. Deixei o troco para ele, e me mandei.”

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Fazendo arte

"Há artistas que fazem arte, e há aqueles que foram feitos pela arte."

"O problema maior do artista é não saber lidar com as neuras que surgem, quando ele começa ser famoso... a fama começa ocupar o lugar da arte, e a fama incha demais... esmaga a arte, e sucumbe o artista. A arte só se preserva íntegra, quando não é reconhecida."

Arte e dinheiro não se coadunam, pois, enquanto uma liberta, o outro aprisiona.”

A arte não pode ser aprisionada na forma, nem liberta demais no conteúdo. Ela deve despontar lentamente do sentir. E o sentir é livre na forma e denso no conteúdo.”

"A arte é a competência que se tem para maquiar os pesadelos em sonhos.”

O ser humano não nasce com o dom artístico. Mas sim, com um intenso desejo pela arte. Deseja tanto, a ponto de querer a arte em si mesmo, buscando encarnar o prazer que julga existir nela. Arte não é dom. Arte é a fuga do ser humano para dentro de si mesmo. É onde ele ousa imitar a natureza, reproduzindo o que nela há de belo. Sua pretensão é criar seu próprio mundo, e nele se banhar, se encharcar, se afogar, se consumir. Arte não é dom. Arte é escravidão.”

Tem gente que não faz arte, faz gênero: não são artistas, são estilistas.”

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Amando o Amor

Se fôssemos entrevistar cada uma de todas as pessoas que habitam este planeta, para saber o que elas pensam a respeito do amor e, mais especificamente, saber o que representa para elas o amor, por certo encontraríamos tantas respostas quantas fossem as pessoas entrevistadas. Provavelmente, na maioria encontraríamos um amor complexo, sublime, perfeito, supremo, inatingível, inalcançável...
Tudo isso, na vã tentativa de fazer do amor algo tão distante, tão irreal, que seria perfeitamente admissível que a natureza humana, tão falha, não pudesse alcançá-lo. Mas o amor é uma coisa simples, é muito simples, é tão simples que não precisa ser definido, e sim, sentido e vivido.
Não estamos aqui a falar do amor entre o homem e a mulher, nem do amor maternal, nem do amor religioso. Falamos do amor, do elemento humano por ele mesmo e, conseqüentemente, por outro elemento humano. Aquele amor que “pede” o envolvimento do indivíduo com seu semelhante. Aquele amor que “faz ver” o outro, que “faz respeitar” o outro, que “faz a cumplicidade” com o outro.
Mas é justamente desse amor que todos fugimos... Do amor que liberta e ao mesmo tempo une, que cria laços, mas não cria amarras...
Mas parece que o medo que se tem de amar é o medo dessa liberdade. Talvez, o Homem não saiba gozar do prazer de ser livre, apenas, sonhar com ele.
Nossa! Como eu desejo que a humanidade se ame mais. Mas se ame tanto, que faça do amor, uma coisa tão natural, que não careça nunca mais de definição.
Quem sabe, assim, a evolução possa se processar em marcha progressiva, segura e tranquila para o nosso planeta?

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Livre pensar

"Toda fé, não importa a procedência, não importa a religião, nem mesmo o objeto da fé - são todas iguas, evoluem dentro de um mesmo mecanismo... O que difere é a doutrina onde repousa."

Quem morreu não deixando sonhos pendentes, nem chegou a viver.”

"Nada pode matar uma paixão: ela mesma, uma hora, se suicida."

"Onde ficou o canteiro de obras das pirâmides? Como elas foram parar lá?"

Todos os sonhos deveriam ficar para o final da vida. O sonho é você passar para outro patamar.”

Eu trago em mim, o luto do que era pra eu ter sido.”

Pessoas compreensivas são aquelas que nos compreendem, para nos explicar.”

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

(Des)aforismos meus

Sou filha da anarquia com a ditadura. Acabei me tornando uma emoção exilada.”

"Se Deus me deu a inteligência, foi para que eu pudesse deduzir a sua 'não existência'."

"Minha lucidez é tamanha, que enlouqueci e ninguém reparou."

Gozado... Se a barata fosse tão valiosa quanto o jacaré, ou a raposa, ou a baleia, por certo, ela estaria em extinção.”

"A maior alegria dos pais são os netos."

"A maior felicidade dos avós, são as lembranças"

"O maior mentiroso é aquele que finge acreditar nas mentiras que os outros dizem."

domingo, 30 de setembro de 2012

Tempo, tempo, tempo...

Eu, no tempo, sou como um cego que caminha de braços abertos, num espaço desconhecido, tateando o ar, em busca de algo que o oriente, para que possa continuar a caminhada. Eu caminho no tempo, com minha mente espalhada, tateando as lembranças, em busca de algo que me oriente, para que eu possa continuar a viver.”

"Como o tempo deforma o que é matéria! Quando a gente vê um amigo de infância, a gente não reconhece... Se fôssemos cegos, a gente reconheceria."

Olha, todo dia, todo instante, tem um peso imenso sobre mim, pois vivo numa atitude recursiva de me entender sempre um pouco mais, de entender que sempre mais não me entendo. Cada vez mais, me dedico a esse passatempo desolador, mas ao mesmo tempo tão necessário a mim. E, por viver cada segundo sempre me observando de fora, acabo por nunca ser uma só, mas sim, várias. Porque, a cada dia, descubro que mudei sempre, mais ainda, que já não penso como ontem. Então, digo pra mim mesma: 'Sou a antítese de mim mesma'. Muitas vezes, a EU de hoje discorda e argumenta com a EU de ontem, que não tem chance de responder, pois já perdeu a vez de falar. Então, a EU de amanhã tenta fazer jus e chegar a uma ponderação, e só faz piorar, pois, fechando a dualidade dialética, constrói base pra EU de depois de amanhã discordar novamente. Sou extremamente dialética, portanto, não sou nada. Apenas estarei... ou, melhor, estou... quer dizer, estava...”

O tempo parece um trovão: quando a gente escuta o grito, ele já foi. Só com uma diferença: quanto mais distante, mais alto ele grita.”

Cada momento crítico desperta no ser humano, uma demanda diferente sobre o tempo - paralisar, retornar, acelerar, e retardar. Segurar alguém, durante uma queda, demanda necessidade de parar o tempo. Correr para impedir um atropelamento Em outras situações, o sujeito sente vontade, não de puxar o tempo pela capa, mas de pisá-la, de modo a imobilizar o tempo.”

"Não se iluda, meu caro: Não é você quem passa pelo tempo; é o tempo que passa por você, e não volta."

"Acabei de descobrir que o tempo compra todos os meus rascunhos, antes que eu passe a limpo. A minha memória me trai, por que vende tudo para o tempo."

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Passa tempo

Um minuto para conhecer uma pessoa por um dia,
uma hora para amá-la a vida toda,
um dia para odiá-la por um minuto,
e mais do que uma vida inteira para esquecê-la, por um segundo que seja.”

sábado, 15 de setembro de 2012

É a vida

Vencer na vida é conquistar os bens materias necessários ao corpo e os bens emocionais necessários à alma. Mas triunfar de fato é prescindir aos primeiros.”

O ser humano não nasce com o dom artístico. Mas sim, com a capacidade de desejar a arte, em suas diversas formas. Desejar tanto, a ponto de querer a arte em si mesmo, buscando encarnar o prazer que julga existir nela. Arte não é dom. Arte é a fuga do ser humano pra dentro de si mesmo. É onde ele ousa imitar a natureza, re-produzindo o que nela há de belo. Sua pretensão é criar seu próprio mundo, e nele se banhar, se encharcar, se afogar, se consumir. Arte não é dom. Arte é escravidão.”

Há atitudes que precisamos tomar, mas que, de tão mesquinhas, não devem ser aprendidas. Devem apenas ser tomadas, e depois esquecidas.”

A palavra nunca fere. Ela toca em feridas.”

Se eu preciso voltar a um ambiente, para defender a mim mesma, com certeza, eu nunca deveria ter estado lá.”

A aproximação é consequência natural da distância.”

Estranhos conhecidos... todos os dias, nos encontramos com as mesmas pessoas, nos mesmo lugares, e mal sabemos seus nomes.”

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Mais (des)aforismos meus

A esperança faz um pacto com a vida, e nos deixa em cativeiro, sem que precisemos de amarras.”

"A força é decorrente do nosso excesso de sensibilidade a todas as coisas do mundo. É uma espécie de calo que criamos em torno da nossa sensibilidade. Sem ela, sucumbiríamos aos nossos sentires. Os mais sensíveis precisam ser os mais fortes. Em tudo, a natureza criou fortes escudos, para proteger o que é frágil e sensível."

A construção emocional é quase artesanal, por que é feita através dos mínimos detalhes, se observando tudo.”

"Há uma revolução, uma invasão, uma guerra, uma tempestade, uma tormenta de tantas coisas acontecendo dentro de mim, enquanto enxugo o gelo dos meus pensamentos. Resta em mim, uma ressaca, como se algo estivesse faltando acontecer. E essa coisa é exatamente encontrar o que fui procurar dentro de mim, e que nem sei bem o que foi, mas sei que sempre encontro e volto, mesmo que seja pra perder depois, deixar escapulir de novo, e ter que ir atrás buscar entre os icebergs gigantescos que escondem meus mais desconhecidos Eus."

"Todo passado é o máximo, até por que a gente já não corre mais o risco de ter de passar por ele."

"O Homem não sabe bem ainda o que ele deseja, e sofre a angústia de ter tudo em suas mãos, pra poder escolher o que bem entende, inclusive pra poder não escolher. A dor da humanidade advém (esteja certo) do desejo e do conhecimento. Conhecer é saber que vamos morrer. Saber que vamos morrer é estabelecer a variável tempo, e estabelecer o tempo é viver a angústia sobre a impotência. E, por isso, o homem procura sempre o poder."

"Não é questão de capacidade; é questão de boa vontade de enxergar o outro."

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

O baile da vida

Você alguma vez viu como é um baile de carnaval de adolescente? Ou de criança? Ficam alguns sentados às mesas e uma grande roda de gente dançando no salão, e dando voltas. Certo? Quem não quer dar voltas, fica no centro da roda dançando. Eu acho que a vida é isso. E existem algumas atitudes que se pode tomar em relação à ela:
Você fica na cadeira o tempo todo, durante o baile, dizendo como cada um deveria dançar.
Você fica na cadeira, durante o baile, tentando criar coragem para entrar na pista, com medo de não conseguir. Quando entra, já é tarde, pois o baile está quase acabando, e você não consegue se ambientar. Você se sente inadequado. Sente-se o tempo todo deslocado, e, assim como os que estão na mesa, você passa a assistir o baile de dentro do baile - um espectador inserido no ambiente, mas sem influenciá-lo em absolutamente nada.
Você entra, mas a roda te arrasta. Você não consegue retomar o prumo. Se deixa levar. Vai até o final do baile tentando firmar o passo, se endireitar. Sempre que a orquestra muda para uma marcha-rancho mais tranquila, você acredita que vai se aprumar; mas não dá tempo. Antes que você consiga, vem de novo o sambão, e todos começam a pular e dançar, e você se desorienta novamente. E assim você vai, até o final do baile, sempre esperando a valsa de que precisa para fazer a sua dança.
Você vai, do início ao final do baile, girando na roda, sempre pelos mesmos lugares, sempre vendo as mesmas coisas, e criticando aqueles das mesas que não entraram na pista, dizendo que eles têm medo de entrar, que eles estão perdendo. Mas você não sabe exatamente o que eles estão perdendo. Por que a única coisa que você sabe é girar, girar, e repetir tudo sempre igual, até que o baile termine.
Você não fica na roda. Se mete no burburinho, no centro da roda, e fica ali, pulando, dançando, fazendo tudo quanto é loucura. Mas, quando menos espera, o baile acabou, e você não viu o pessoal das mesas, nem o garçom, nem bebeu, nem comeu, e não lembrou nem de fazer xixi. Aí, corre à fila do banheiro para ver se dá tempo, mas é tarde demais... tenta comer ou beber algo, não dá mais tempo. Dançou pra caramba, mas não viu nada do baile. Senta e fica olhando as pessoas irem embora e o baile acabar, com aquela sensação de perda de algo que você não sabe bem o quê, pois perdeu antes de ganhar.
A orquestra? A orquestra seria aquela que dita as regras da dança: o Zeitgeist, a mídia, o padrão da época, o que está valendo, o que está em voga, os valores...

domingo, 12 de agosto de 2012

Padecer? Mãe é paraíso. Pai é para isso.

Já foi o tempo em que o dia dos pais representava o dia internacional da gravata.
Os pais de hoje simplesmente não usam gravatas, e por isso podemos afirmar que o dia dos pais perdeu o sentido, pois estávamos todos acostumados com as lindas gravatinhas, que, quando não verdadeiras, eram feitas de cartolina pelos filhos na escola, com a ajuda e estímulo compulsório das professoras.
Desde que aboliram as gravatas, as cuecas, as meias e os lenços tentaram fazer carreira, mas não deu em nada. Os pais atuais gostam de ganhar CDs, perfume Polo, DVD, mouse sem fio (ainda, se tivesse fio, poderíamos ter um déjà vu das gravatas), câmeras digitais, etc. E o mais interessante disso tudo: não são eles que pagam o presente ! Sim, verdade. Agora, as mães, ou até mesmo os filhos, bancam o presente do papai. Não precisa mais aquele familiar teatrinho onde a mãe fala pro marido:
    - Meu bem, preciso de dinheiro pra dar pras crianças comprarem seus presentes do dia dos pais.
O marido responde:
    - Quanto você quer?
    - Sei lá... De que você está precisando?
    - Linha para pescaria, ou uma toalha pra sauna, uma joelheira pro futebol de domingo... ou um calção de piscina... qualquer coisa, meu amor.
    - Ok, vou procurar.
Na sexta-feira, ela vai com as crianças na loja de departamentos mais famosa do bairro, e passa a tarde lá. Enquanto as crianças olham a seção de brinquedos, ela vai pra seção do lar e eletrodomésticos. Ela compra um brinquedinho de cartela pra cada filho e uma tesoura de destrinchar frango para o frango que vai assar no dia dos pais. Depois, vão para lanchonete dentro da loja, e cada um faz uma deliciosa escolha: banana split, waffle com geléia, x-tudo, e por aí vai. A mãe olha o relógio, e diz:
    - Crianças, vamos rápido, que temos que comprar os presentes do 'papi'.
No domingo, como de costume, todos vão almoçar fora. Os restaurantes estão lotados, mas, mesmo assim, o pai concorda em não ver televisão, para tomar lugar na fila de alguma churrascaria rodízio, ponto de encontro dos pais de toda a galáxia neste dia. Durante o barulhento e conturbado almoço, entre picanhas, cupins e anéis de cebola à milanesa, as crianças sacam os presentes de uma bolsa um tanto ou quanto amassada, de tanto rodar nas mãos dos pequenos, que estavam entediados por carregá-la. O pai começa abrir os presentes. O filho mais novo trouxe uma gravata, no lugar da linha de pescaria. O pai exclama:
    - Que linda! - enrola no pescoço, e diz - Estou me sentindo um lindo peixinho de aquário fisgado.
De presente do segundo, no lugar da toalha pra sauna, ele ganha uns lencinhos, e começa imediatamente suar e enxugar a testa, enquanto manifesta:
    - Nossa! Muito bons, bem absorventes, ideais para situações de alta transpiração, como saunas, por exemplo. Pensando ter em mãos o par de joelheiras embrulhado pra presente, ele abre o pacote do terceiro filho: dois pares de meias soquete pretas, próprias para o trabalho. Só resta agora a esse conformado pai, dar um mergulho na piscina com o calção de banho que ganhou do filho mais velho. Ops! Não é um calção; é uma cueca. A esposa diz:
    - Meu bem, tava tudo tão caro, que não deu pra fazer o que você pediu (isso, aos sussurros, no ouvido do marido, que apenas fica imaginando como seria pular na piscina de cuecas, pescar com uma gravata, puxar as meias até que cheguem aos joelhos, e o mais sexy de tudo: pendurar o lencinho 'naquele lugar' mais importante, quando ele estiver na sauna mista.) E pensa consternado: “ainda se eu fumasse, talvez ganhasse um cinzeiro ou um isqueiro zippo”.

Como faz falta o tempo em que o dia dos pais era o dia internacional das gravatinhas...

domingo, 5 de agosto de 2012

… e outras...


"De repente, eu não fiz alguma coisa pra magoar alguém, mas alguma coisa que fiz magoou alguém."

"Nas horas difíceis da vida, você deve levantar a cabeça, estufar o peito, olhar adiante, e dizer de boca cheia: Agora, fodeu...!!!!"

"Não tire conclusões sobre assuntos dos quais você só conhece um pequeno relâmpago. A tempestade já vai bem adiantada."

Se eu, que sou eu, esqueço de mim, imagine outra pessoa.”

O dinheiro circula pelo mundo como numa brincadeira de passar anel: ora está com um, ora está com outro. O problema é que a brincadeira para, sempre quando o anel está com os mesmos.”

Com o advento da idade, a sensibilidade é a estrada que nos leva à sensação de conforto, longe do medo da velhice.”

Amigo é aquele que entende o que você não consegue explicar.”